Conservar para durar

publicacao0 382x356pxNada dura para sempre, tudo tem um tempo limitado de vida, mas e se podermos aumentar esse prazo?
E se os objetos que constituem o património tiverem a possibilidade de terem uma vida mais prolongada?
Uma nova trajetória?
Ou uma nova maneira de serem vistos?
Este é o objetivo central da conservação, poder retardar a degradação, permitir a fruição e evitar a perda do conteúdo de cada peça.

Todo este trabalho é feito no Laboratório de Conservação e Restauro do Museu de Portimão e só é possível graças ao estudo da natureza dos artefactos e à análise da sua degradação, elementos que conduzem ao desenvolvimento de técnicas para a sua preservação.

Nesta rubrica iremos levar até si alguns destes trabalhos. Estejam atentos!

  

Formas de sapateiroFormas de sapateiro

Formas de sapateiro

Na oficina de conservação e restauro, os técnicos do Museu de Portimão desenvolvem vários trabalhos de tratamento dos materiais que fazem parte do seu espólio.

Nas imagens, o técnico Vasco Diniz encontra-se a proceder à limpeza das peças que fazem parte da coleção do Sr. José Estevão, o último sapateiro da Mexilhoeira Grande. Constituída pelos seus materiais de trabalho, desde as formas de sapateiro, às ferramentas de trabalho e acessórios usados na reparação do calçado, esta coleção foi doada ao Museu pela família do Sr. José Estevão, na pessoa da sua filha, D. Maria de Fátima Nunes, a 9 de janeiro 2020.

Caixa de barbeiro

Caixa de barbeiro

Sempre pronta e nunca faltando nas deslocações a caixa de barbeiro continha todos os instrumentos necessários ao ofício. Tendo feito parte da exposição temporária “Barbearia, Poesia, Fotografia”, esta caixa em madeira com embutidos tradicionais e elementos metálicos em latão apresentava sujidades diversas, infestação de insetos, alguma oxidação do metal e um forte desgaste da laca, sinais inerentes do trabalho realizado pelo barbeiro António Marreiros.

Numa primeira fase a caixa foi limpa, desmanchada e desinfestada. Seguindo-se o tratamento do latão e todo o trabalho de remoção da laca antiga, já bastante riscada e degradada o que conferia à peça um aspeto sujo e pouco cuidado. Por último, a aplicação de nova laca e montagem.
Com estas ações conseguiu-se uma dar uma nova vida a esta caixa de barbeiro onde a decoração com embutidos e os elementos metálicos conferem um aspeto distinto àquela que seria a habilidade manual deste profissional.

Reconstituição 3D de uma ânfora tipo KEAY 27.B/ CL.35Reconstituição 3D de uma ânfora tipo KEAY 27.B/ CL.35

Reconstituição 3D de uma ânfora tipo KEAY 27.B/ CL.35

Esta ânfora foi recolhida fragmentada no interior da cisterna romana da Villa de Vale da Arrancada (Portimão), demonstrando a integração desta região no circuito comercial mediterrânico existente nesta altura.

Encontra-se em processo de restauro no laboratório do Museu de Portimão, estando para breve a publicação dos materiais da referida cisterna romana.
Está datada da 1ª metade do século V. Possui uma estrela de 5 pontas pintada a vermelho abaixo do colo. Trata-se de uma produção Norte Africana, possivelmente originária da região a Oeste de Cartago (Tunísia), cujo conteúdo provável seria o azeite. Todavia, não é de descartar a hipótese deste tipo de ânfora transportar preparados de peixe.

Candeeiro a petróleo

Candeeiro a petróleo

Este candeeiro a petróleo é o vestígio dum tempo em que a luz elétrica ainda não existia numa determinada zona ou era uma raridade. Apesar de não alumiar para além de certa distância era usado na iluminação doméstica e acabava por ser útil também fora de casa, nas saídas para a rua de noite para verificar os animais ou ir de madrugada, ainda escura, para o campo.

Este candeeiro, constituído por um depósito onde se colocava o petróleo, tinha por cima uma chaminé em vidro, a qual se levantava para assim chegar com um fósforo à torcida que mergulhava diretamente no petróleo e incendiava-se. À medida em que a torcida ia ardendo, a luz acabava por diminuir, havendo então uma roda pequena que se girava e subia um novo bocado da torcida para assim continuar a ter luz.
Pelo uso polivalente muitas vezes os candeeiros a petróleo chegam sem as chaminés, ou com estas partidas, e os depósitos corroídos. No caso desta peça a chaminé apresentava algumas sujidades e corrosão do metal. Com o objetivo de lhe dar uma nova vida procedemos a uma limpeza geral, seguindo-se o tratamento químico das partes metálicas e aplicação de camada de proteção.

Pórtico D. João II

Pórtico D. João II

Designado por Pórtico de D. João II, trata-se de uma estrutura em pedra do que seriam as cantarias da última morada do “Príncipe Perfeito” que viria a falecer na Vila de Alvor.

Este elemento patrimonial é formado por um conjunto de pedras separadas e assentes no lugar, composto por verga, ombreira e aquelas que seriam os socos. Não sendo uma cantaria enobrecida é chanfrada e aparelhada, típica dos guarnecimentos dos vãos de portas das construções regionais da época.
Considerando a exposição dos materiais construtivos faces aos elementos naturais era notório algumas sujidades e ataque biológico visível pelo crescimento de musgos, algas e líquenes.
A intervenção baseou-se na limpeza por jato de água e colocação de agente biocida.

Limpeza de metais arqueológicos

Limpeza de metais arqueológicos

O laboratório de conservação e restauro do Museu de Portimão é o responsável por uma série de intervenções em objetos arqueológicos, independentemente da sua natureza, proveniência ou idade. Neste caso efetuámos uma intervenção de limpeza numa moeda, ceitil (2ª Dinastia). Esta ação irá permitir identificar o reinado da sua cunhagem, bem como a sua apresentação numa qualquer exposição futura, o seu armazenamento ou até o seu empréstimo.
Binóculos Ocean Revival

Binóculos Ocean Revival

Com o propósito de promover o turismo subaquático na região de Portimão foi criado o projeto Ocean Revival. A partir do qual se efetuou o afundamento num mesmo local de um conjunto de navios de guerra, criando um recife artificial único.

Para a execução deste lugar foi necessário providenciar o desmantelamento e descontaminação de todos os elementos das embarcações que não oferecessem segurança ou que não permitissem as condições ideais para a proliferação da vida marinha. Neste sentido, e para memória futura, foram entregues ao Museu de Portimão alguns dos elementos removidos dos anteriores navios da Marinha Portuguesa. Dos quais fazem parte este “Director de Tiro Secundário” da Fragata Comandante Hermegildo Capelo (F 481).
Este Director de Tiro Secundário é constituído por um sistema ótico e uma base. Por sua vez o sistema ótico é composto por: foco; prismas; e tubos, sendo que cada tubo possui dois tipos de lentes, uma objetiva (localizada mais próxima do objeto a ser visto) e uma ocular (situada mais próxima dos olhos). Já a base, que permite manter a estabilidade mecânica do corpo e do mecanismo de focalização, é constituída por uma torre e cadeira. Em conjunto todos estes elementos permitiam a este navio de guerra um grande alcance da visão e capacidade na assistência de lançamento de projeteis.
Tendo como objetivo a preservação da sua integridade física e respeitando ao máximo a essência original da peça a equipa de Conservação e Restauro do Museu de Portimão providenciou a sua manutenção. Para o efeito o Director de Tiro foi removido da exposição do Museu e tratado na oficina de conservação e restauro onde foi todo desmanchado, limpo, tratado mecanicamente, preservado com camada de proteção, aplicada pintura e realinhado, sendo colocado novamente em exposição no átrio do Museu.


                                                                                                                                      logoCmp



@2023 - Sítio oficial do Museu de Portimão. Todos os direitos reservados.