Um passeio pelas margens da história
Nestes tempos em que devemos ficar o máximo em casa, convidámos-vos a dar um passeio em segurança, aqui no éter digital, pela zona ribeirinha de Portimão, com a vantagem de poder viajar no tempo!
Foto: Francisco Oliveira
Grupos de crianças eram transportados para a praia do Vau onde ficavam instalados e aí desfrutavam da época balnear.
Com casas de um, dois e três quartos, foi inaugurado com pompa e circunstância em 1936, sendo o primeiro bairro do género a ser construído em Portugal durante o Estado Novo.
(Bonita) Imagem cedida por BJ Boulter
Veja-se aqui a locomoção eólica a fazer mover um pequeno barco à vela e uma prancha de windsurf, assim como um barco para ser movido à força de remar e outro com um pequeno motor fora de borda para o fazer avançar.
Uma das maneiras que o homem encontrou de “domesticar” esta tumultuosa relação foi a construção de dois quebra-mares, a este na zona da Ponta do Altar e a oeste a partir da fortaleza de S. Catarina, tendo sido concluídos em 1958.
Por norma, as imagens que mais associamos à zona ribeirinha nos tempos áureos da pesca, no trecho entre a praça Manuel Teixeira Gomes e a Capitania, é a do alar das redes e também do seu arranjo.
Quando se vai dar um passeio pela Praia da Rocha, o molhe oeste que guarda a entrada na foz do rio Arade costuma fazer parte dos itinerários dos caminhantes. E tal passou a ser possível quando esta infra-estrutura foi concluída em 1959, depois da obra ter arrancado em 1946 e ter conhecido algumas interrupções.
Ocupando parte do prédio da Viscondessa de Alvor onde antes existiram as cavalariças e o palheiro, mereceu destaque no jornal “O Portimonense” de 5 de Outubro de 1922: "Os proprietários não se pouparam a despesas e cremos ser, no género, a mais completa e bem montada casa da província, […] habilitada com um esmerado serviço de restaurant"
É com a foz do Arade como pano de fundo, que desde 1940 se controla todo o tráfego costeiro compreendido entre a margem oeste da Ria de Alvor e a margem este da ribeira de Quarteira.
Este traço de memória que ilustra este post também acaba por se ligar à sétima arte, pois foi feito por Júlio Bernardo, o multifacetado artista portimonense que também realizou pequenos documentários que ajudaram a documentar a vida local dos anos 60 e 70.
Depois da construção da ponte rodoviária, o largo da Barca acabou por converter-se no centro de pequenos armazéns dos compradores de peixe, aproveitando a proximidade da lota. A foto mostra-o em 1969, pouco depois do terramoto que assolou a cidade a 28 de Fevereiro de 1969.
Hoje em dia, no espaço oposto da praça, foi construída uma réplica.
Mas se falarmos em sapal, vem também à cabeça um dos mais conhecidos topónimos portimonenses. É que os mais novos já não se não têm presente essa imagem mas o rio Arade ia entrando pela zona do Largo do Dique, alagando a área até ao actual Largo do Município. E como a foto mostra, até dava para produzir sal no que é agora o interior “sequinho” da cidade!
Contudo o acesso a água potável não é algo assim tão recente em termos históricos. Veja-se que em Portimão somente em 1889 é concessionada a distribuição pública de água à companhia Sárrea Prado e Comandita que começa a disponibilizá-la ao público em 1902 a partir da captação do Barranco das Canas, situado no extremo norte do concelho, inaugurando-se fontanários como o da foto, localizado junto da ponte rodoviária.
Muito possivelmente o estado de espírito do senhor que nesta foto está a passear no então recente Jardim Bivar, primeiro espaço verde de Portimão e que aproveitou o então mais recente talhão do aterro do cais.
Foi com esse espírito, embalados pelo ímpeto da Regeneração fontista que caracterizou a segunda metade novecentista portuguesa que as autoridades locais em Portimão decidiram aproveitar o novo aterro do cais para construir um pavilhão que serviria de mercado para o peixe.
E sintamo-nos cosmopolitas: afinal de contas a Fives-Lille, empreiteira responsável pela construção, também construiu as pontes Alexandre III e das Artes em Paris…
Posto de abastecimento
Estaleiros navais
Embarque de vinho
Fábrica de S. Francisco da Feu Hermanos
Uma curiosidade da fábrica Feu Hermanos
Traineira “Pérola Algarvia”
Fábrica de conservas "La Rose"
Antigo bairro operário
Fábrica Mercantil
Todos para a Praia do Vau!
A imagem é do refeitório da creche da fábrica Feu.
Bairro dos Pescadores
Bairro Operário
Por este rio ao largo
Solar Pinguim
A primeira campanha de arqueologia subaquática
Por este rio ao largo
A construção de dois quebra-mares
Zona Ribeirinha
Mas nesta zona também era onde as traineiras como a “Soberana” eram abastecidas com gasóleo na bomba da SACOR instalada na muralha. Era o alimento das máquinas que iam buscar o nosso alimento!
Molhe da Praia da Rocha
Aqui temos uma foto de Francisco Oliveira que documenta um aspecto da sua construção no ano de 1957.
Casa Inglesa
Capitania do Porto de Portimão
Barracão
Largo da Barca
Com a deslocação da lota para a outra margem no final dos anos 80, acabou por ser requalificado como um dos espaços de referência da restauração portimonense.
Coreto
Sapal
Fontanário
Refira-se, como nota de curiosidade, que um dos sócios da empresa, o eng. Ângelo de Sárrea Prado já tinha sido um dos fundadores da Companhia de Águas de Luanda.
Jardim Bivar
Mercado de peixe
Cumpriria esta função até meados dos anos 50, altura em que foi desmantelado, passando a venda do pescado para o Mercado Municipal na Praça da República.
Ponte rodoviária