Embarcações
O Museu de Portimão define-se como Museu de Sociedade, Identidade e Território e nesse sentido, investiga, incorpora, inventaria, conserva, interpreta, expõe, divulga e valoriza, os testemunhos materiais e imateriais mais significativos na construção da memória e identidade coletiva das comunidades, na área de influência do Museu, de forma sistemática e permanente.
As embarcações “Moira” e “Portugal Primeiro” são dois testemunhos materiais da história de Portimão, do património e memória da comunidade local e regional.
A traineira “Portugal Primeiro” atracou no dia 27 de julho, junto ao cais Gil Eanes, após a conclusão do restauro a que foi submetida em resultado do projeto de salvaguarda e valorização de uma das mais carismáticas embarcações do género ligadas ao cerco que operou no porto de pesca de Portimão.
Esta é a primeira fase do projeto “Portugal Primeiro - Uma Traineira com História”, da responsabilidade do Museu de Portimão, a que se seguirá a musealização da embarcação, com recurso a painéis e equipamento interativos que contarão a sua rica história, abordando igualmente a descarga e comercialização do pescado em lota e a importância da construção naval em madeira para a atividade económica do concelho.
Também está prevista a requalificação do cais Gil Eanes, localizado na zona ribeirinha e a poucas dezenas de metros da antiga lota de Portimão, bem como a criação de uma rampa, de forma a permitir ao público visitar o interior da traineira, que começou por ser um galeão a vapor destinado à pesca da sardinha.
O projeto “Portugal Primeiro - Uma Traineira com História” foi candidatado pelo Museu de Portimão ao Programa Operacional Mar 2020, com um investimento elegível total de 621.150 euros e a atribuição de um financiamento de 424.969 euros, tendo a intervenção sido efetuada nos estaleiros navais da Portinave - Sociedade de Construções Navais Portimonense.
Testemunho do rico património marítimo de Portimão
Mandada construir no ano de 1911 pelo industrial conserveiro e armador Júdice Fialho num estaleiro em Vigo, na Galiza, esta foi a embarcação inicial de uma frota de nove galeões, do “Portugal Primeiro” ao “Portugal Nono”.
O “Portugal Primeiro” foi transformado em traineira no ano de 1948, quando foi adaptada ao motor a diesel, mantendo a sua popa em leque, característica distintiva.
Por volta de 1990, e depois de ter estado parada alguns anos no cais de Portimão, o barco foi adquirido pela empresa Ribeiro & Quintas, que o recuperou nos estaleiros da Portinave, mantendo-se no ativo até 2008.
A sua importância para a história de Portimão é assinalável, enquanto testemunho do património marítimo local e de várias atividades com que esteve relacionada, desde a pesca à construção naval e à indústria conserveira, sem esquecer a comercialização de pescado em lota, atividades responsáveis pelo crescimento económico e social da cidade durante o século XX.
Rio Arade, em frente ao Cais Gil Eanes
Embarcação "Moira"
O Município de Portimão aceitou doação da embarcação “Moira”, feita pela Administração dos Portos de Sines e do Algarve, SA. (APS).
O inequívoco interesse patrimonial e histórico desta embarcação do tipo “enviada”, de construção tradicional em madeira, cuja história se funde com a história da indústria pesqueira de Portimão e o fato de se tratar de um dos últimos exemplares deste tipo, tendo sido construído em 1936, constitui um testemunho histórico social e cultural que importa manter e valorizar.
O seu bom estado de conservação e as poucas transformações que apresenta relativamente ao original, fizeram com que o Município, através do seu museu, abraçasse o projeto de recuperação e manutenção da mesma, considerando-a como um importante ativo turístico e cultural para o município e para a região, não só pela sua fruição e preservação, mas pelo seu uso nas futuras recriações de descarga do peixe, no âmbito do festival da sardinha, e na criação de mais um ponto de interesse junto ao pontão do Museu de Portimão. A sua ligação primária à pesca da sardinha e a sua valorização, fruição e conservação apenas fazem sentido no pontão de descarga do peixe do Museu de Portimão, local onde será instalada uma doca seca para acostagem e amarração da embarcação.
Esta embarcação esteve ao serviço da APS desde 1969, altura em que foi adquirida à sua anterior proprietária Carmen Simões, por 100$00. Do seu histórico, conta-se o facto de ter sido construído em 1936 em Sesimbra, mas ter laborado em Portimão, na pesca costeira, pelo menos desde o início de 40 até 1969.
Dados mais concretos referem que foi adquirido em 1941 por José Basto, na altura com a designação “Come Figos”, matrícula P. 188 B. que o terá registado na capitania do Porto de Portimão. Está registada como embarcação de “pesca costeira” e de “condução de pescarias”, sendo que existe uma planta de corte horizontal desta embarcação de 1955 em que se encontra identificada enquanto “buque a motor”.
Ainda nesse mesmo ano de 1941, a embarcação é vendida por 2000$00, ao que parece ser uma sociedade entre Cristovão de Brito e Carmen Simões. Na altura da sua aquisição por esta dupla, pede-se então a alteração do registo da embarcação para o nome “Senhora do Carmo”, nome este que se mantém até ser adquirido pela Junta Autónoma dos Portos do Barlavento do Algarve em 1969.
De acordo com alguns testemunhos, esta embarcação serviu como enviada de apoio a traineiras e terá realizado várias viagens a Marrocos, na pesca do biqueirão, viagens estas que duravam cerca de uma semana.
Atualmente a mesma encontra-se acostada, junto ao pontão do nosso museu.
Localização
Acostada junto ao pontão do Museu de Portimão
Museu de Portimão tel.: +351 282 405 230 | Contacto de email